sexta-feira, 28 de maio de 2010

Não dá pra culpar outras coisas quando a culpa é tua.

Eu já vi tanta, mas tanta gente ir embora daqui. Algumas vezes, a mesma pessoa foi embora alguns milhões de vezes. Ah, aquela menina de cabelo cacheado que sempre esteve por aí, andando pela cidade só por andar. Depois ela sumiu, todo mundo ficou falando sobre isso, mas aí ela voltou e as fofocas sobre o chá-de-sumiço que ela tomou pararam. Mas aí ela sumiu de novo, e assim se deu o ciclo. Sempre quis perguntar se ela não cansa nunca daquele teatrinho de sempre, mas aí eu passei a pensar que ela pode muito bem ter um bom motivo pra sempre ir embora. Com isso, eu já pensei em culpar as lembranças. Ela poderia muito bem guardar certas lembranças na cidade e ir embora porque as lembranças estão tanto na volta dela que dói, mas depois ela volta porque também dói ficar longe do lugar em que ela as guarda. Mas de nada adiantaria culpar as lembranças se quem as guarda é ela.

Algumas perguntas, poucas respostas.

A: É sexta-feira.
B: Tu foi sair?
A: Tu sabe que eu não saio, normalmente.
B: Fico esperando o dia em que tu vai sair.
A: Tu saiu?
B: Não.
A: Por quê?
B: Deixa disso.
A: Te vi hoje, na rua.
B: Não era um parque?
A: Era uma praça.
B: Estava sentada em um banco?
A: Eu, não. Tu, talvez.
B: Tu saiu, então?
A: Não fui tão longe.
B: Longe ou perto, tanto faz. Não determina nada.
A: Não faria diferença, se determinasse.
B: Tu tá estranha, enquanto fala.
A: Não é algo que faz diferença.
B: Esse teu sorriso, esse teu olhar...
A: Não tem nada comigo, pare de ficar notando!
B: Ouço teu coração martelar.
A: Já te disse: não tem nada comigo, nada com o meu sorriso, nada com o meu olhar, muito menos com o meu coração.
 
B: Ganhou?
A: Não.
B: Perdeu?
A: Não...
B: O que aconteceu?
A: Te vi.

domingo, 9 de maio de 2010

Happy Mother’s Day!

Mãe, eu sei que talvez você não vá ler isso, mas eu espero que amanhã você tenha tempo pra ler se eu pedir e te mostrar. Eu sei que eu não fiz um cartão decente, já que o que eu fiz eu não escrevi nada dentro e ainda esqueci na escola, eu sei que eu não faço quase nada pra você quando você pede, eu sei que eu nunca te obedeço, que eu passo a vida nesse computador e nem vivo a minha vida pré-adolescente direito. Por isso e todo o resto de coisas, eu sempre quis chegar em você e dizer “Me desculpa, mãe”, mas eu nunca tive essa coragem toda. Acho que o mínimo que eu deveria fazer quando eu faço algo errado é chegar em você, te abraçar e pedir desculpas. Mas mesmo sabendo que é isso que eu devo fazer, eu não faço. Mas não estou aqui pra falar do que eu faço de errado, não é?
É dia das mães. Eu sei que eu levantei e nem cheguei te abraçar e falar “Feliz dia das mães!”. Não fiz isso em nenhum momento do dia, não sei porquê, e me pergunto até agora. Acho que, talvez, é porque todo dia é dia das mães, mesmo essa sendo uma desculpa bem simples. As desculpas simples são as mais verdadeiras, creio eu.
Bom, mãe, eu só queria te dizer que, mesmo que eu seja 5 centímetros maior que você, mesmo que eu já seja uma pré-adolescente, mesmo que eu não brinque mais de boneca, mesmo que eu não queira mais ficar brincando de pega-pega com os meus primos na fazenda e todas aquelas coisas que eu fazia quando era criança, eu ainda sou a sua filhinha, a sua nenê, a sua pequenininha, tá? Eu não ligo de ter que acordar às 6 da manhã, de levantar, ir até o seu quarto, te acordar, aí tomar um banho, me arrumar pra escola, esperar você levantar (porque, não importa o que você diz, você levanta da cama só depois de dez minutos que eu te chamo SIM), aí ter que aguentar você xingando no trânsito, você gritando comigo quando eu faço algo errado, me dando bronca e mais um monte de coisas... Eu não ligo porque mãe é assim mesmo. Mãe é mãe. Mãe é a pessoa que dá a vida por nós, assim como eu sei que você fez por mim. Afinal, tanto eu quanto você poderíamos estar mortas, não é mesmo? Mas você fez esse sacrifício, você se arriscou pela menininha que estava na sua barriga (bem grande a sua barriga quando eu estava lá dentro, hein? haha). De tantas mães no mundo que preferem adotar um bebê ou uma criança, você deu a sua vida por mim, você se arriscou, algo que muitas mulheres ao redor do mundo não fazem. Você foi a minha primeira melhor amiga (e acredito que até hoje seja a única realmente verdadeira que eu tenho), você cuida de mim o tempo todo, leva trabalhos na escola pra mim quando eu tô doente, faz sopa quando eu tô doente, gasta 200 reais com remédios, me leva no médico, só você me faz sentir muita vergonha quando vem falar de meninos e se eu gosto de algum haha, só você faz tudo isso e muito mais por mim. E eu queria desejar um feliz dia das mães pra você (que, apropósito, já passou porque é mais de meia noite) e pedir desculpas por tudo o que eu fiz nesses 12 anos e alguns meses e pedir desculpas por não ter comprado um presente pra você, nem feito um cartão e nem ao menos ter desejado um feliz seu dia antes. Eu te amo, mãe, amo mesmo!

sábado, 8 de maio de 2010

Na próxima: Eu vou pensar duas vezes.

Escrever ou não escrever, falar ou não falar, pensar ou não pensar, tentar ou não tentar, andar ou não andar, ir à algum lugar ou não ir, sentir ou não sentir, amar ou não amar.

Pra todos os itens acima existe uma escolha. Menos pro último.

Eu não sei pensar em você sem lembrar do antes. E qualquer pessoa que me conheça há cinco meses sabe de tudo o que aconteceu no “antes” e ainda sabem de pista VIP o show todo. A história é confusa, às vezes até difícil de entender, mas eu consigo me lembrar de tudo, de cada mínimo detalhe. E não é questão de boa memória, porque eu não lembraria se fosse algo tão normal quanto outras coisas.
Todo mundo diz que: É só dar tempo ao tempo que você esquece e tudo passa. PAPO. Tem coisa que não se esquece ou que é mesmo muito difícil de se esquecer. Tu é a coisa mais difícil que eu já tentei esquecer.

Acho que na próxima eu vou parar e pensar duas vezes. Assim espero.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Bad news: Love can’t save you.

– Ei, cara! Com licença.
– E aí.
– Tu tá vendo aquela garota?

O adolescente de, aparentemente, dezesseis anos perguntou pra um estranho no meio da rua, apontando “discretamente” pra menina sentada no meio do parque.

– Tô. Não sou cego.
– Tu consegue ver o que ela tá fazendo?
– Ela tá escrevendo em um papel. Deve ser escritora ou algo assim.

“Disseram que é só eu esperar o tempo passar que a dor vai passar junto com o tempo. Mas se eu esperar, por mais longo que o tempo seja, vai doer. Se eu não esperar, o modo instantâneo ameniza a dor, mas de algum jeito continua a doer. Se eu lembrar, vai doer. Se eu esquecer, vou relembrar.”

– Não sei. Ela parece pensar em alguma coisa, enquanto escreve.

“Disseram que quem canta os males espanta. É mentira. Se eu cantar, vai doer. Vai doer a cabeça, vai doer o corpo, vai doer a garganta, vai doer o coração. Se eu cantar as lágrimas escorrem, resultando em mais dor de cabeça, o que, quando eu canto, resulta em mais dor de cabeça em cima da dor de cabeça.”

– Por que tu tá falando sobre ela comigo mesmo?

“Dizem que você só supera realmente uma paixão quando se apaixona de novo. De fato, em alguns casos, é verdade. Tanto quanto, em certos casos, é mentira. Às vezes a gente se apaixona de novo, mas isso não substitui o amor que a gente sente pela outra pessoa... Alguns dizem que esperar é bom, que quando menos se espera a melhor coisa da sua vida aparece. Honestamente, não dá pra acreditar nisso.”

– Eu não sei. Ela me chamou a atenção e... Precisei falar com alguém sobre ela.

Silêncio.

– Arruma um psicólogo, garoto.

O menino riu.

– Talvez eu precise mesmo.

Os dois riram e o menino se despediu do homem.

“Más notícias: O amor não pode te salvar.”

terça-feira, 4 de maio de 2010

Te peguei pelos dedos.

Me diga, quantas meninas você já viu ou conheceu que controlaram uma relação? Na maioria das vezes, nós garotas estamos tão cegamente apaixonadas por nossos namorados que nos deixamos levar. Você pode tentar controlar uma relação, pode tentar quantas vezes quiser, mas sabe que não vai conseguir. Porque ele te olha como se estivesse dizendo “Ah, bebê, eu te amo tanto...” e você se rende sem nem ao menos lutar.

Pelo contrário do que você deve estar pensando, isso não é uma crítica. Não à você, ao menos.

A gente vive num campo de guerra, é o que eu costumo pensar normalmente. É eu contra você e você contra mim, porque é menina chorando em todo canto do mundo e é homem dando risada em cada vez que a suposta namorada o pega com outra na cama dos pais dele. É engraçado, não é? A guerra é tão clichê e repetitiva que continua infinitamente. A gente espera a hora em que uma salvadora será enviada dos céus pra pôr um fim nisso. E a gente espera, espera e espera, sempre relembrando que a esperança é a última que morre e a verdade sempre anda escondida atrás das mentiras...

 – Te peguei!

Ela tava usando um vestido branco, longo e bem surrado, daqueles bem velhos mesmo. Tinha a unha pintada de preto, uma cara de “Foda-se o que tu apronta, vim salvar a mulherada!” e andava balançando o cabelo de um lado pra o outro, como se fosse a rainha do mundo.

Melhor ela ser quem ela é. A rainha do mundo não ajudaria em porra nenhuma numa guerra dessas. 

Ela pegou o homem, que, enquanto era comprometido, tava beijando uma menina qualquer no meio do parque. Pegou ele pela ponta dos dedos, segurando a cabeça como se fosse uma bolinha de papel bem pequenininha.

– Pegou nada!

Porra! O cara escapou!

– Te peguei... Achei que tinha pego, pelo menos.

Uma pena, não?

Eu tenho medo, igual você.

Eu tenho medo de muita coisa, ninguém tem noção de quantas coisas eu tenho medo. Tenho medo de aranhas, cobras, insetos, filmes de terror, palhaços e muitas outras coisas. Mas se tem uma coisa que eu tenho muito medo, são as lembranças. Elas me perseguem nos meus piores momentos, mas não de um jeito ruim. Apenas de um jeito irritante, talvez um pouco doloroso. Não é o agora que dói, é o antes. É o passado que persegue, esfregando na tua cara todos os teus momentos loucos e divertidos, te dizendo “Tá vendo isso que ele te disse? Tu nunca mais vai ouvir ele dizer de novo”. 

E aí bate a saudade. 

A gente tem saudade do material, do tocável, do tátil. A gente tem saudade do grande, do poderoso, do que nos toca com mais intensidade. A gente também tem saudade do intocável. Eu tenho saudade das coisas mínimas, das bem pequenas, quase insignificantes pra outras pessoas. Essas coisas mínimas e quase insignificantes pra os outros, fazem parte do tocável e do intocável. Elas são diversas, entenda. Essas coisas mínimas são algumas lembranças que eu tenho, que com algum tempo e algumas distrações, acabo esquecendo. Às vezes eu esqueço, às vezes não. Quando eu esqueço, é só por um curto período de tempo. Logo após, alguém vem e fala algo que me lembra de seja lá o que eu tenha tentado esquecer, numa tentativa tão falha quanto dizer à minha mãe que eu não to mentindo quando digo que arrumei meu quarto. Mas eu gosto de lembrar, mesmo que eu me sinta na obrigação de levantar a cabeça e seguir em frente, como em uma estrada, quando tu esquece o que acabou de acontecer e só segue em frente, rumo ao horizonte. Só que tudo depende da tua vontade, se tu quer seguir em frente ou se tu gosta de se afogar no passado. Eu gosto de me afogar no passado, às vezes a sensação de me recordar tão bem de certas lembranças traz felicidade. Me recordar de algo que aconteceu há tempos. Meses, meio ano, talvez. Algumas coisas que aconteceram há um ou três meses. Me recordar de como eram aqueles tempos em que o que me importava de verdade era pouco, e só. Agora, o que me importa é mais e menos, não sei dizer. O que sempre me importou se foi, o que ficava em segundo plano voltou ao primeiro. E quando a noite chega, o céu estrelado me serve de companhia. É deitar na cama e encostar a cabeça no travesseiro. Procurar meu celular em meio ao cobertor e colocar os fones de ouvido. O agora é fechar os olhos, apertar o play e me concentrar na música. Com os olhos fechados, as estrelas me deixam e a única companhia de agora é a voz qualquer que soava nos ouvidos, bem baixinho. 

Quando eu faço isso, eu me concentro no passado. 

O propósito de momentos assim é relembrar algumas coisas, certos momentos que, quando eu os estava vivendo, eram insignificantes e que agora eram tão importantes quanto a minha rotina-nada-interessante. E mesmo quando fica o vazio, ainda é presença. E mesmo quando se torna ausência, ainda é muito mais do que a simples saudade ou a mais dura nostalgia.