segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sonho de Inverno.

Meu pai parou o carro em frente a uma casa. Faziam 15 ºC negativos em Toronto, Canadá. A cidade estava a mesma de sempre, a mesma de todos os invernos. A casa – alugada por outras pessoas em outras estações do ano – ainda era a mesma de sempre, sem nenhuma janela a menos. A casa era branca, o que era meio complicado, porque as portas e quase todo o resto da casa era pintado de branco e as cores se misturavam com a neve... Não era tão fácil encontrar a entrada.
Dei a volta no  Aston Martin V12 prateado do meu pai e abri o porta-malas quase tão delicadamente como uma garota – ah, só Deus pra saber o quanto meu pai venera aquele carro. Peguei minhas malas que não estavam tão pesadas quanto seria possível imaginar, afinal, era só uma estação naquela cidade. Só uma. Eu aguentaria mais um inverno.
Minha mãe me deu um abraço de urso – exatamente como em todo inverno, quando chegávamos aqui e eles já estavam indo pra as “férias” em algum país em que a estação fosse o verão – e meu pai disse seu famoso “Se cuide, garoto”. Amanda, minha irmã mais nova, me abraçou bem forte. Talvez até mais forte que a minha mãe, e eu a abracei também. Mandy era uma das únicas pessoas no mundo com quem eu me importava de verdade. Após a mini-despedida de cinco minutos da família, os três entraram no carro. Meu pai deu a partida e logo o carro virou a esquina. Eles foram, finalmente.
Peguei minhas malas do chão e me virei, olhando a casa de todo o inverno. Abri a porta, subi as escadas e deixei as malas no chão do meu quarto, perto da porta. Desci as escadas e andei até a porta de novo. Peguei meu casaco ao lado da porta e saí de casa. Eu não tinha exatamente uma idéia do que fazer, mas ficar lá dentro assistindo algum filme meloso de namorados é que eu não iria.
Já estava nevando de novo. Huh, neve. Algo branco que cai em flocos, mas juntos formam uma bola enorme de gelo. Fiz uma careta pra aquela cena. Era horrível, e eu já devia ter me acostumado.
Era meu terceiro inverno ali, era pra estar – no mínimo – acostumado a ver a neve. E era tudo tão igual. Nada mudava naquela cidade idiota. Quer dizer, eu nunca tinha notado algo diferente em cada inverno. No primeiro, tudo era novo. Mas depois... Nada. Sempre era tudo a mesma coisa. Mas havia algo. Algum barulho, uma vozinha calma e fina que vinha de algum lugar e cantarolava o que me parecia ser Rolling Stones. Meu olhar foi para cima, a casa do vizinho.
As casas daquele bairro eram todas iguais. A casa do vizinho era igual a minha. Pintada de branco, dois andares, um telhado normal... Quer dizer, não tão normal. Não com uma adolescente aparentemente louca sentada lá em cima, bem na ponta. Por Deus, e se ela caísse de lá? Ela esperava o quê? Alguma versão real ridícula de Super-Homem ou Homem Aranha, que a pegaria bem no momento caso ela caísse? Ela era louca, honestamente.
– Está olhando o que, garoto?
Opa. Eu fiquei encarando ela. Uau, parabéns, Joseph. Muito ótimo.
 – Desculpe. Se não for incomodar, é... O que você pensa que faz aí?
Arqueei uma sombrancelha, a olhando. Ela ficou mais séria por um momento, mas depois riu. Uma risada clara, boa de ouvir. Meio alta, talvez um pouco chamativa. Ah, ela não tem noção de que ri como uma criança de quatro anos.
– Estou olhando o céu. Caso não tenha notado, é o crepúsculo, e é lindo.
– Ah, é claro. Desculpe se atrapalhei...
–  Demetria, me chama de Demi. E na verdade, não. Atrapalhou não. Você... Quer subir aqui? – Ela mordeu o lábio inferior, sorrindo de canto, meio envergonhada.
– Você fala sério?
– É claro, ou pareço ter cara de quem está brincando?
– E como pensa que eu vou subir aí?
– Espera aí.
Ela se levantou, sem demonstrar dificuldade alguma, andou pelo telhado e acabou descendo por uma escada, e depois não deu pra ver mais nada. Demi apareceu na rua, me puxou pela mão e me levou pra dentro da casa. Subiu as escadas comigo até o segundo andar, foi até um quarto e subiu outra escada, que acabava dando no telhado. Eu, que estava com um pouquinho de medo de cair de lá de cima, fui sendo puxado com ela pelo telhado até ela soltar minha mão. Sentou-se no mesmo lugar de antes, e eu continuei parado. Por algum motivo, não deu pra mover algum músculo.
Ela usava uma calça jeans preta, uma camiseta de bandas – acho que dos Beatles, se não me engano – e estava descalça, com o cabelo todo desarrumado e sem uma grama de maquiagem. Não era gorda e nem magra demais, e o tom da pele era um branco parecido com o da neve. Ou era impressão, ou tudo no inverno do Canadá era branco como a neve que cercava tudo?
– Ei, senta aqui. Tem lugar do meu lado, caso você não tenha visto.
Ela sorriu gentilmente, talvez tentando parecer menos grossa. Não que ela tenha parecido grossa, só meio estranha, fechada. Um pouco demais na defensiva.
– É... Tudo bem.
Segui o que ela disse. “Ande devagar, com passos leves e pequenos até ir tomando confiança sobre o fato de que é quase impossível você cair daqui, a não ser que seja extremamente desastrado.” Chegando lá na ponta, sentei um pouco mais para trás do que ela. Mas Demi insistia em me puxar pra frente, pra ficar do lado dela, algo tão estranhamente sem motivo.
Já estava quase totalmente escuro. Agora, a neve caía aos poucos, em floquinhos bem pequenos. Era algo que dava vontade de pegar na mão, mas estava frio demais pra isso. Era capaz de, provavelmente, minhas mãos acabarem congelando se eu as tirasse do bolso do casaco. Ela encostou a cabeça no meu ombro, bocejando. Nem eu nem ela fazíamos alguma idéia de que horas eram, mas deviam ser seis e meia ou sete da noite. Estava um silêncio entre nós, mas não era algo que incomodava. Era diferente, e era bom.
– Tira os tênis. – Ela sussurrou, algo quase impossível de se ouvir se não fosse pelo silêncio.
Não sei exatamente porquê ela disse isso, mas obedeci. Era estranho fazer o que afirmam sem nem resistir ou perguntar o motivo. Mas eu tirei, ficando só com as meias nos pés.
– Agora vem comigo. – Ela sorriu, parecia feliz. Um sorriso sincero.
Ela me levou pra baixo de novo, e saímos andando pelas ruas cobertas por uma neve gelada e fofinha; toda aquela neve parecia um pouco as nuvens. Ela parou de andar e eu parei também, já que estávamos andando de mãos dadas. Algo extremamente estranho pra duas pessoas que nem se conheciam algumas horas atrás. Ela voltou a me puxar, agora em direção a um lugar alto, com algo que era, aparentemente, um gramado coberto pela neve. Era meio isolado, mas não era longe das nossas casas. Só era quase impossível ouvir vozes que não fossem as nossas. Ou, no caso, a voz dela. E então paramos de andar, e ela voltou a sussurrar coisas sem sentido.
– Estamos caminhando sobre nuvens. A gente não pode ouvir nada daqui de cima, além dos nossos sussurros.
Demi sorriu, eu sorri. Nós dois sorrimos, e então eu fechei os olhos. O que ela falava era estranho, mas era profundo. Era bonito.
– E, mesmo quando escurece, a gente sabe que não importa para onde a gente aponte.
Ela suspirou, eu estava tão absorto tentando entender o que ela dizia, que quase não ouvi o suspiro. E então ela passou um dos braços pela minha cintura, me abraçando de lado e deitando sua cabeça no meu ombro, assim como fez no telhado. Depois, a única coisa que deu pra ouvir, foi o que faltava da frase, poema, ou seja lá o que ela estava falando ou recitando. Sua voz era serena.
– Vai ser sempre céu, e seremos sempre nós.
Era evidente que ela estava sorrindo.

Die Lüge.

São 4:50 da manhã. Tá frio, 14 ºC, pra ser exata. E você faz falta, tanta falta...
E eu estou tremendo, não sei se é do frio. Não gosto de dias frios. Não é pelo tempo nublado nem pelo clima congelante, mas sim porque tais dias tendem a ser de pura nostalgia. A nostalgia fria, forte e rápida, apenas a espera de uma pequena falha na sua resistência, na sua força, pra acabar com o seu dia.
Eu costumo me lembrar, às vezes, do quanto ele era estúpido, revoltado, grosso, insensível, ninfomaníaco, pegador, metido a engraçado, idiota e todo o resto... A fim de que, ao meu ver atual, essas coisas se tornem o único motivo pra eu dizer “E eu era loucamente apaixonada por ele?”, mas todas essas coisas, juntas e somadas a outras qualidades, formavam o garoto que até hoje, de certa forma, possui o meu amor. Só ele o possui, não consigo esquecê-lo e amar outra pessoa de tal forma.
É engraçado, não é? Alguém que não existe possuir todo o amor de alguém. É interessante, um caso a ser estudado. “Como adolescentes se apaixonam por alguém que não existe?”, seria o nome da pesquisa. Mais interessante ainda é ver o quão inútil e despresível pode ser a atitude de alguém que não se envolveu com algo assim e nem passou perto de se envolver.
“Nossa, seu namorado era uma garota?”, “Você namorou uma garota? Me conta T-U-D-O!”, “Então você namorou uma garota... Hmm...” e até “Me diz, como é saber que seu namorado era uma garota? É engraçado, você dá risada quando lembra disso?”
Quem pergunta não sabe como é. Simplesmente porque se soubesse não perguntaria.

Mas, enfim, onde estávamos?
Ah, sim, ele.

Eu fico pensando... O que ele fez ou fazia que me deixou como eu era e agora como eu sou? Porque, sim, eu mudei.
Eu passava 10 horas do meu dia falando com ele, sem reclamar. Eu reclamaria se passasse 10 horas seguidas falando com qualquer pessoa, mas com ele não. Eu reclamava quando ele ia dormir. Aí eu reclamava.
Eu fazia qualquer coisa por ele. Fiz o imaginável e o inimaginável. E acredite, você não quer saber o inimaginável. Teria uma crise de risos.
Eu o amei como ninguém jamais amou. E eu vi um número considerável de garotas o amando. Mas eu o amei da minha maneira e isso é diferente de todo o resto. Afinal, que garota dizia pra ele “Eu te amo” apenas porque havia certo período de tempo em que não o fazia e era necessário que o fizesse? Não digo “necessário” porque a garota tinha de mostrar pra ele que o amava e sim porque era mesmo uma necessidade dela.
E sim, eu fazia isso.

*****

“Ei, Thom”
“Oi, bebê”
“Eu te amo.”

******

Eu me lembro bem de como era. A sensação de ter aquela pessoa com você, quase metade do seu dia (e às vezes a metade do dia mesmo), te fazendo feliz. A sensação de fazê-la sentir especial, fazê-la sentir alguém, e a sensação de se sentir alguém, de sentir que aquela pessoa precisa de você. A sensação de poder estar do lado de tal pessoa e fazê-la rir quando tudo parece ser o fim. A sensação de cuidar de alguém como se fosse seu dever, de não deixar que nada a faça cair e, se você falhar, de estar lá, de braços abertos pra segurá-la e fazer com que aquela pessoa não sinta dor, porque também dói em você. A sensação de chorar quando ela chora, rir quando ela ri, dormir quando ela dorme e acordar quando ela acorda. A sensação de ser tão igual a uma pessoa como se ela fosse você e de conhecer uma pessoa como a palma da sua mão. A sensação de fazer a mesma coisa que alguém ao mesmo tempo e 5 vezes no mesmo dia. A sensação de completar o que aquela pessoa ia dizer, de ver aquela pessoa recitando Romeu e Julieta pra você, escrevendo textos pra você e dizendo que te ama. Dizendo tal coisa muitas e muitas vezes.
Amor. Amizade. Dor. Paixão. Felicidade. Ciúme. Insegurança. Tristeza. Mais dor. Felicidade, de novo.

E depois a sensação de perder completamente tal pessoa.
Porque nunca existiu.

 
 
 
Die: A
Lüge: Mentira

sábado, 10 de julho de 2010

Homenagem.

Esse post é composto de dois textos. O primeiro que eu vou postar aqui é velho e não é meu. Não foi escrito por mim, pelo menos. Eu amo esse texto, de qualquer maneira. Estou postando ele porque vou fazer uma homenagem, como deu pra perceber pelo título do post. Enfim. Vamos lá. 

“Sabe quando você sente que tem que proteger uma pessoa? Sabe quando sente que ela precisa de você? Pois é. Sinto que eu estou aqui, nesse mundo, para protegê-la, não deixá-la abaixar a cabeça e simplesmente desistir. Nem nunca, em hipótese alguma, perder a fé que existe dentro dela. Mantenha a fé. Mantenha a sua fé.
Eu já te disse isso e vou dizer mais uma vez. A vida é como uma escola. Aprendemos a superar, a manter a fé com as situações difíceis que ela cria para nós. Aprendemos a ser felizes, a darmos risadas constantemente com as situações engraçadas e boas que ela cria para nós. Na vida existem altos e baixos. Nunca se deixe abalar pelos baixos. Minha fé está abalada. Mas eu, eu tenho que continuar tentando. Tenho que manter minha cabeça erguida. A vida sempre nos dará oportunidades. Algumas vezes você irá perder. Outras, você irá ganhar. As oportunidades que estou tendo às vezes podem me jogar no chão. Você ainda tem muito o que viver, Bells. Mas, posso garantir que já aprendeu muitas coisas nos seus onze anos de vida. Eu vejo isso. Você não parece ter onze anos.
Você me disse que quando perde a esperança, a encontra de novo em mim. Fico feliz com isso, me sinto bem sabendo que sou tão importante quanto a fé para uma pessoa. Uma pessoa nada, se toca Giovana. Você é A pessoa. A que me completa. A minha marida. A minha cadela. A minha, apenas minha Isabelle. Digo que nos completamos, porque eu tenho a esperança e você tem a coragem. Definitivamente. E ninguém nem nada nesse mundo pode mudar isso. Porque nós nascemos para sermos melhores amigas. Você me entende melhor que ninguém. E vice-versa. Só agradeço à Deus, à seja lá quem for, por deixar eu ser sua melhor amiga. Estarei aqui até o final, Isabelle. Junto com você. Sempre juntas.”
Giovana Paduano, dezembro de 2009.

Estou aqui pra homenagear você, Giovana, por essa amiga, companheira, mãe e “irmã” maravilhosa que é. Eu já prestei homenagens à você antes, muitas homenagens e pretendo continuar fazendo isso por muito tempo. Porque você é simplesmente tudo. E, como estou com preguiça de escrever um outro texto pra você, vou postar um que escrevi recentemente. 


Podem vir mais amigos, podem vir namorados, ficantes, maridos e maridas (nunca se sabe N), mas eu NUNCA vou te deixar ir embora. Longe de mim é que tu não fica, Gi. Eu vou ficar do teu lado até que a morte nos separe. Nem que nós sejamos velhas, molengas totalmente sem força, cheias de rugas e com fraldas, eu vou estar lá. Eu vou fazer tudo o que eu prometi pra ti e o que eu não prometi pra ti mas sim pra mim mesma. Eu não vou te deixar sozinha, não vou te fazer chorar (pelo menos, não pelo lado ruim da coisa), não vou te magoar, nunca vou permitir que alguém faça mal pra ti e todo o resto. Porque tu é a coisa mais importante pra mim, a única que eu não quero perder jamais. E se eu perdesse... Nem dá pra imaginar como seria. Seria a mesma coisa da semana de ano novo, que tu foi pra praia e eu fiquei alone aqui, mas teria uma outra coisa: a sensação de saber que tu não voltaria mais. E essa é uma sensação que eu nunca quero ter. Pelo amor de Deus, o que seria eu sem você? O que seria eu sem a pessoa mais perfeita do universo, aquela que parece que, dentre milhões de adolescentes no mundo, foi escolhida a dedo por Deus ou o destino pra ser a minha melhor amiga. Eu agradeço todos os dias por te ter do meu lado. Agradeço mesmo. 
Eu oro por ti, Gi. Eu não costumo orar, isso é um fato óbvio, mas nas raras ocasiões em que eu o faço, oro por ti. Se tu não estiver bem, eu não vou estar bem. Se tu não estiver respirando, como irei eu respirar? Se tu não estiver feliz, como irei eu estar feliz? Se tu não estiver comigo, como eu estaria aqui, viva, respirando perfeitamente bem, rindo, vivendo e todo o resto? E não me importa nada além de você. Eu sempre digo que amo todo mundo (nem todos, sabe como é...) mas sempre tem alguém que eu amo mais: tu. Não importa nada. 
Eu tenho amigos, vários, tenho algumas melhores amigas também. Acho que tu não te encaixa em nenhuma categoria além de "tudo". Aquela que me aguenta exatas 24 horas por dia, porque mesmo quando não estamos nos falando, eu tô pensando em ti e tu tá pensando em mim, e me aguentar até em pensamento é foda – não é coisa pra qualquer um não, viu. Sabe, muita coisa aconteceu comigo. Eu cresci, tanto por fora como por dentro. Especialmente por dentro, é claro, já que por fora só cresci alguns centrímetros. E me pergunto como eu estaria agora se não fosse por você. Eu teria passado por tudo o que passei? Bom... Não.
Tu foi a única pessoa que me disse pra não desistir. Chris Drew ensina as pessoas que o amor é não desistir e tu me ensinou a mesma coisa. Realmente, não importa se quem tu ama é ou não real, se é ou não um pegador, se é ou não alguém que vale a pena. Quando tu ama, não importa a pessoa, tu tem que correr atrás, tu não pode desistir. Amar é não desistir. Eu jamais desisti. Eu pensei em desistir, MUITAS vezes, mas não. Tu quase me mandava calar a boca e falava: "Não desiste, Lay. Tu consegue." E eu não desisti. Demorou, eu admito. Demorou demais e mesmo que não tenha durado o quanto eu esperava, durou bastante. E valeu a pena. Valeu MUITO a pena. Não importa se depois eu sofri o dobro ou o triplo nem se eu continuo sofrendo muito ou não. A única coisa que me importa é que eu vivi, por mais de um mês, com um sorriso de lado a lado do rosto, espalhando felicidade e me sentindo uma completa retardada. E eu devo tudo isso à ti. Se tu não existisse ou se eu não tivesse te conhecido, não teria ninguém pra falar pra mim "não desiste". O que qualquer um sabe que é uma puta verdade: ninguém acreditava que ia dar em alguma coisa. Tu acreditava. Tu sempre acreditou. Não se trata dessa questão em especial, mas é o melhor exemplo que eu tenho do que tu significou pra mim e de como tu era tudo e continua sendo tudo o que tenho.
Eu tenho muita coisa. Tenho bens materiais, amigos, inimigos, pessoas que eu gosto, que eu não gosto, que eu acho bonito ou acho feio, que eu odeio, que eu curto, que eu não curto, que eu acho ridículo e todo o resto. Mas nada disso se compara ao fato de que eu tenho você e isso me faz sentir a pessoa mais sortuda e especial do mundo. Nem um namorado, o mais fofo e perfeito que eu tiver, vai me fazer sentir assim. É algo teu. É tipo um dom, algo que vem contigo, algo que tu traz. Eu não seria a mesma sem ti. Mesmo não ouvindo com frequência, já que a gente não se fala tanto porque eu não boto créditos e nem tu, eu não viveria sem a tua voz ou sem a tua risada. Eu não viveria nem sem a tua risada do msn ou a tua letra laranja. Eu não viveria sem tu rindo da minha cara em plena madrugada, tu me chamando de amor, kdla, best, be, o que for. Eu não viveria sem ti. Não conseguiria nem sobreviver sem ti. Porque, mesmo que eu estivesse em um deserto e estivesse morrendo de sede, sem os músculos que eu nem nunca tive e estivesse parecendo a mina magrela da minha sala e eu tivesse você, eu teria um motivo pra correr atrás de água, comida e o que for pra sobreviver. Eu vivo por ti e, quando não tô sendo capaz de viver direito, eu sobrevivo por ti. Tu é o único motivo que eu tenho pra continuar respirando, Gi. Sempre foi. Mesmo quando tava tudo de cabeça pro ar, quando tava tudo errado ou até mesmo tudo certo e pronto pra dar errado, eu tinha você, o motivo da minha respiração. 
Se eu voltar no passado e tirar TUDO o que existia e só deixasse tu, dava pra ver que eu estaria tão feliz quanto tava quando tinha o Thom ou qualquer outra pessoa/coisa que me deixasse feliz. Porque tu tava sempre lá. Mesmo que eu estivesse morta de vontade de morrer, igual dramaticamente já estive em um longo porém curto período emo da minha vida, tu tava lá. Tu sempre esteve do meu lado, até quando eu só fazia coisa errada. 
Eu sempre pensei que eu era antisocial e que jamais conseguiria conquistar alguém como tu pra ser minha melhor amiga. Agora eu vejo que tudo o que eu sempre acreditei tava errado, porque aqui estou eu. Tô falando contigo no msn, tô digitando esse texto ENORME no negócio de depoimentos mesmo e mandando pra ti, logo eu vou passar teu aniversário contigo e comemorar teus 14 aninhos lindos e mais logo ainda a gente vai completar um ano de amizade. Um ano. Puta tempo, né verdade? Eu espero completar até 50 anos de amizade contigo. Vou contigo aos bailes da terceira idade e vou poder dizer pra meus amiguinhos de terceira idade "eu conheço ela faz 50 anos, é minha melhor amiga e eu tenho muito orgulho dela". Porque eu tenho orgulho de ti, sempre tive e sempre vou ter. Tu passou (e continua passando) por tanta coisa e tá sempre de cabeça erguida, sempre estudando pra ser uma boa aluna e uma boa filha pros teus pais e ainda tem um tempinho do teu dia pra falar besteiras comigo no msn e se perder de tanto rir.
Tu é o meu maior exemplo. É uma irmã mais velha, uma mãe, uma prima, uma amiga, uma amiga pra eu dar sustos e fazer pegadinhas, é uma professora, aluna, é tudo. Tu é tudo o que eu quero agora, tudo o que eu sempre quis, tudo o que eu sempre vou querer e sempre vou precisar. Todo mundo quer uma amiga, aquela que vai te entender melhor que ninguém. Eu sempre quis uma. Não preciso mais querer, já tenho. Tenho essa amiga faz quase um ano. Demorei onze anos e seis meses pra encontrar, mesmo sem saber que iria. E agora ninguém tira de mim. Porque tu é minha, APENAS minha, e eu não aguento a idéia de ter que te dividir com alguém. E eu sou apenas tua. Ninguém vai me roubar de ti, ninguém nunca vai ser mais especial pra mim do que tu é.

Tu é tudo, tudo pra mim. Isso não vai mudar. Eu te amo, Giovana Quartieri Paduano. Minha Giovana.

sábado, 5 de junho de 2010

Felicidade.

“Eu posso construir a minha própria felicidade e posso manter ela inteira pelo tempo que eu quiser, você me fez acreditar nisso. E talvez por isso eu não quero ser feliz sem você.”

 

A felicidade é uma gama de emoções ou sentimentos que vai desde o contentamento ou satisfação até a alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem ainda o significado de bem-estar ou paz interna.

Na teoria, felicidade é quando você se sente bem consigo mesmo, quando você tá em paz. Existem milhares de motivos pra você se sentir feliz. Motivos como dinheiro, conseguir um emprego, ganhar algo na sorte, ganhar uma promoção, comprar algo... Entre muitos outros. Perceba que, quando você consegue coisas materiais, o sentimento é satisfação. Você se sente satisfeito por ter ganho algo, e essa satisfação automaticamente te deixa feliz. Existe outro exemplo de felicidade.

Eu conheci um garoto. Era madrugada. Foi engraçado.

Na prática, a felicidade é muito mais do que vários sentimentos juntos. Talvez por isso ela seja, pra alguns, tão difícil de se alcançar. Eu não me sinto feliz, agora. Todos querem e fazem questão de me ajudar a sentir feliz, mas eu não consigo. A verdade é que eu não consigo ficar realmente feliz há algum tempo. Eu posso sim estar alegre, posso sim estar sorrindo e rindo, mas isso não significa que eu to feliz. Não to feliz. Não vou ficar.

Eu percebi isso hoje, que não consigo ficar inteiramente feliz.

Eu acreditava, plenamente, que estava bem. Eu estava bem, por fora. Por dentro eu apenas achava que estava. Assim como minhas aparências enganavam todos, meus sentimentos resolveram aderir o exemplo e me enganaram. Agora, totalmente sem armas pra lutar e ninguém pra me segurar, vejo que a queda é realmente maior do que eu imaginava que algum dia seria.

A verdade é que eu sinto sua falta e vou continuar sentindo. A verdade é que isso nunca vai passar.
Quer saber de outra verdade? Eu não me importo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Eu quero fugir de mim.

B: Corre!
A: Pra que?
B: Pra fugir.
A: Fugir de que?
B: Só fugir.
A: Fugir de ti, fugir de mim. Fugir de nós.
B: Então corre.
A: Correr do mundo, correr de tudo...
B: Correr de ti.
A: Correr do passado.
B: Mas tu não corre!
A: Nem tu.
B: Não faz sentido eu correr se tu não corre.
A: Tu queria correr de mim.
B: Tu também queria correr de mim.
A: Não faz sentido tu correr de mim e eu correr de ti. Era pra correr de uma coisa só.
B: Escolhe algo.
A: Eu.
B: Escolhe, então.
A: Eu escolho eu mesma.
B: Corre.
A: Não tem como.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Depende de mim e de ti.

B: Ei! 
A: Oi.

A: Tudo bem?
B: Tudo ótimo! Contigo?
A: O de sempre, como sempre.
B: Não muda?
A: Deveria.
B: “O de sempre” seria o quê? 
A: Sei lá. A mesma rotina, a mesma vida.
B: Tu não quer mudar?
A: Acho que as coisas não dependem de mim.
B: Tudo depende de ti.
A: Depende de ti também!
B: Muda.
A: Muda antes.
B: Depois.
A: Te muda, logo.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Não dá pra culpar outras coisas quando a culpa é tua.

Eu já vi tanta, mas tanta gente ir embora daqui. Algumas vezes, a mesma pessoa foi embora alguns milhões de vezes. Ah, aquela menina de cabelo cacheado que sempre esteve por aí, andando pela cidade só por andar. Depois ela sumiu, todo mundo ficou falando sobre isso, mas aí ela voltou e as fofocas sobre o chá-de-sumiço que ela tomou pararam. Mas aí ela sumiu de novo, e assim se deu o ciclo. Sempre quis perguntar se ela não cansa nunca daquele teatrinho de sempre, mas aí eu passei a pensar que ela pode muito bem ter um bom motivo pra sempre ir embora. Com isso, eu já pensei em culpar as lembranças. Ela poderia muito bem guardar certas lembranças na cidade e ir embora porque as lembranças estão tanto na volta dela que dói, mas depois ela volta porque também dói ficar longe do lugar em que ela as guarda. Mas de nada adiantaria culpar as lembranças se quem as guarda é ela.

Algumas perguntas, poucas respostas.

A: É sexta-feira.
B: Tu foi sair?
A: Tu sabe que eu não saio, normalmente.
B: Fico esperando o dia em que tu vai sair.
A: Tu saiu?
B: Não.
A: Por quê?
B: Deixa disso.
A: Te vi hoje, na rua.
B: Não era um parque?
A: Era uma praça.
B: Estava sentada em um banco?
A: Eu, não. Tu, talvez.
B: Tu saiu, então?
A: Não fui tão longe.
B: Longe ou perto, tanto faz. Não determina nada.
A: Não faria diferença, se determinasse.
B: Tu tá estranha, enquanto fala.
A: Não é algo que faz diferença.
B: Esse teu sorriso, esse teu olhar...
A: Não tem nada comigo, pare de ficar notando!
B: Ouço teu coração martelar.
A: Já te disse: não tem nada comigo, nada com o meu sorriso, nada com o meu olhar, muito menos com o meu coração.
 
B: Ganhou?
A: Não.
B: Perdeu?
A: Não...
B: O que aconteceu?
A: Te vi.

domingo, 9 de maio de 2010

Happy Mother’s Day!

Mãe, eu sei que talvez você não vá ler isso, mas eu espero que amanhã você tenha tempo pra ler se eu pedir e te mostrar. Eu sei que eu não fiz um cartão decente, já que o que eu fiz eu não escrevi nada dentro e ainda esqueci na escola, eu sei que eu não faço quase nada pra você quando você pede, eu sei que eu nunca te obedeço, que eu passo a vida nesse computador e nem vivo a minha vida pré-adolescente direito. Por isso e todo o resto de coisas, eu sempre quis chegar em você e dizer “Me desculpa, mãe”, mas eu nunca tive essa coragem toda. Acho que o mínimo que eu deveria fazer quando eu faço algo errado é chegar em você, te abraçar e pedir desculpas. Mas mesmo sabendo que é isso que eu devo fazer, eu não faço. Mas não estou aqui pra falar do que eu faço de errado, não é?
É dia das mães. Eu sei que eu levantei e nem cheguei te abraçar e falar “Feliz dia das mães!”. Não fiz isso em nenhum momento do dia, não sei porquê, e me pergunto até agora. Acho que, talvez, é porque todo dia é dia das mães, mesmo essa sendo uma desculpa bem simples. As desculpas simples são as mais verdadeiras, creio eu.
Bom, mãe, eu só queria te dizer que, mesmo que eu seja 5 centímetros maior que você, mesmo que eu já seja uma pré-adolescente, mesmo que eu não brinque mais de boneca, mesmo que eu não queira mais ficar brincando de pega-pega com os meus primos na fazenda e todas aquelas coisas que eu fazia quando era criança, eu ainda sou a sua filhinha, a sua nenê, a sua pequenininha, tá? Eu não ligo de ter que acordar às 6 da manhã, de levantar, ir até o seu quarto, te acordar, aí tomar um banho, me arrumar pra escola, esperar você levantar (porque, não importa o que você diz, você levanta da cama só depois de dez minutos que eu te chamo SIM), aí ter que aguentar você xingando no trânsito, você gritando comigo quando eu faço algo errado, me dando bronca e mais um monte de coisas... Eu não ligo porque mãe é assim mesmo. Mãe é mãe. Mãe é a pessoa que dá a vida por nós, assim como eu sei que você fez por mim. Afinal, tanto eu quanto você poderíamos estar mortas, não é mesmo? Mas você fez esse sacrifício, você se arriscou pela menininha que estava na sua barriga (bem grande a sua barriga quando eu estava lá dentro, hein? haha). De tantas mães no mundo que preferem adotar um bebê ou uma criança, você deu a sua vida por mim, você se arriscou, algo que muitas mulheres ao redor do mundo não fazem. Você foi a minha primeira melhor amiga (e acredito que até hoje seja a única realmente verdadeira que eu tenho), você cuida de mim o tempo todo, leva trabalhos na escola pra mim quando eu tô doente, faz sopa quando eu tô doente, gasta 200 reais com remédios, me leva no médico, só você me faz sentir muita vergonha quando vem falar de meninos e se eu gosto de algum haha, só você faz tudo isso e muito mais por mim. E eu queria desejar um feliz dia das mães pra você (que, apropósito, já passou porque é mais de meia noite) e pedir desculpas por tudo o que eu fiz nesses 12 anos e alguns meses e pedir desculpas por não ter comprado um presente pra você, nem feito um cartão e nem ao menos ter desejado um feliz seu dia antes. Eu te amo, mãe, amo mesmo!

sábado, 8 de maio de 2010

Na próxima: Eu vou pensar duas vezes.

Escrever ou não escrever, falar ou não falar, pensar ou não pensar, tentar ou não tentar, andar ou não andar, ir à algum lugar ou não ir, sentir ou não sentir, amar ou não amar.

Pra todos os itens acima existe uma escolha. Menos pro último.

Eu não sei pensar em você sem lembrar do antes. E qualquer pessoa que me conheça há cinco meses sabe de tudo o que aconteceu no “antes” e ainda sabem de pista VIP o show todo. A história é confusa, às vezes até difícil de entender, mas eu consigo me lembrar de tudo, de cada mínimo detalhe. E não é questão de boa memória, porque eu não lembraria se fosse algo tão normal quanto outras coisas.
Todo mundo diz que: É só dar tempo ao tempo que você esquece e tudo passa. PAPO. Tem coisa que não se esquece ou que é mesmo muito difícil de se esquecer. Tu é a coisa mais difícil que eu já tentei esquecer.

Acho que na próxima eu vou parar e pensar duas vezes. Assim espero.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Bad news: Love can’t save you.

– Ei, cara! Com licença.
– E aí.
– Tu tá vendo aquela garota?

O adolescente de, aparentemente, dezesseis anos perguntou pra um estranho no meio da rua, apontando “discretamente” pra menina sentada no meio do parque.

– Tô. Não sou cego.
– Tu consegue ver o que ela tá fazendo?
– Ela tá escrevendo em um papel. Deve ser escritora ou algo assim.

“Disseram que é só eu esperar o tempo passar que a dor vai passar junto com o tempo. Mas se eu esperar, por mais longo que o tempo seja, vai doer. Se eu não esperar, o modo instantâneo ameniza a dor, mas de algum jeito continua a doer. Se eu lembrar, vai doer. Se eu esquecer, vou relembrar.”

– Não sei. Ela parece pensar em alguma coisa, enquanto escreve.

“Disseram que quem canta os males espanta. É mentira. Se eu cantar, vai doer. Vai doer a cabeça, vai doer o corpo, vai doer a garganta, vai doer o coração. Se eu cantar as lágrimas escorrem, resultando em mais dor de cabeça, o que, quando eu canto, resulta em mais dor de cabeça em cima da dor de cabeça.”

– Por que tu tá falando sobre ela comigo mesmo?

“Dizem que você só supera realmente uma paixão quando se apaixona de novo. De fato, em alguns casos, é verdade. Tanto quanto, em certos casos, é mentira. Às vezes a gente se apaixona de novo, mas isso não substitui o amor que a gente sente pela outra pessoa... Alguns dizem que esperar é bom, que quando menos se espera a melhor coisa da sua vida aparece. Honestamente, não dá pra acreditar nisso.”

– Eu não sei. Ela me chamou a atenção e... Precisei falar com alguém sobre ela.

Silêncio.

– Arruma um psicólogo, garoto.

O menino riu.

– Talvez eu precise mesmo.

Os dois riram e o menino se despediu do homem.

“Más notícias: O amor não pode te salvar.”

terça-feira, 4 de maio de 2010

Te peguei pelos dedos.

Me diga, quantas meninas você já viu ou conheceu que controlaram uma relação? Na maioria das vezes, nós garotas estamos tão cegamente apaixonadas por nossos namorados que nos deixamos levar. Você pode tentar controlar uma relação, pode tentar quantas vezes quiser, mas sabe que não vai conseguir. Porque ele te olha como se estivesse dizendo “Ah, bebê, eu te amo tanto...” e você se rende sem nem ao menos lutar.

Pelo contrário do que você deve estar pensando, isso não é uma crítica. Não à você, ao menos.

A gente vive num campo de guerra, é o que eu costumo pensar normalmente. É eu contra você e você contra mim, porque é menina chorando em todo canto do mundo e é homem dando risada em cada vez que a suposta namorada o pega com outra na cama dos pais dele. É engraçado, não é? A guerra é tão clichê e repetitiva que continua infinitamente. A gente espera a hora em que uma salvadora será enviada dos céus pra pôr um fim nisso. E a gente espera, espera e espera, sempre relembrando que a esperança é a última que morre e a verdade sempre anda escondida atrás das mentiras...

 – Te peguei!

Ela tava usando um vestido branco, longo e bem surrado, daqueles bem velhos mesmo. Tinha a unha pintada de preto, uma cara de “Foda-se o que tu apronta, vim salvar a mulherada!” e andava balançando o cabelo de um lado pra o outro, como se fosse a rainha do mundo.

Melhor ela ser quem ela é. A rainha do mundo não ajudaria em porra nenhuma numa guerra dessas. 

Ela pegou o homem, que, enquanto era comprometido, tava beijando uma menina qualquer no meio do parque. Pegou ele pela ponta dos dedos, segurando a cabeça como se fosse uma bolinha de papel bem pequenininha.

– Pegou nada!

Porra! O cara escapou!

– Te peguei... Achei que tinha pego, pelo menos.

Uma pena, não?

Eu tenho medo, igual você.

Eu tenho medo de muita coisa, ninguém tem noção de quantas coisas eu tenho medo. Tenho medo de aranhas, cobras, insetos, filmes de terror, palhaços e muitas outras coisas. Mas se tem uma coisa que eu tenho muito medo, são as lembranças. Elas me perseguem nos meus piores momentos, mas não de um jeito ruim. Apenas de um jeito irritante, talvez um pouco doloroso. Não é o agora que dói, é o antes. É o passado que persegue, esfregando na tua cara todos os teus momentos loucos e divertidos, te dizendo “Tá vendo isso que ele te disse? Tu nunca mais vai ouvir ele dizer de novo”. 

E aí bate a saudade. 

A gente tem saudade do material, do tocável, do tátil. A gente tem saudade do grande, do poderoso, do que nos toca com mais intensidade. A gente também tem saudade do intocável. Eu tenho saudade das coisas mínimas, das bem pequenas, quase insignificantes pra outras pessoas. Essas coisas mínimas e quase insignificantes pra os outros, fazem parte do tocável e do intocável. Elas são diversas, entenda. Essas coisas mínimas são algumas lembranças que eu tenho, que com algum tempo e algumas distrações, acabo esquecendo. Às vezes eu esqueço, às vezes não. Quando eu esqueço, é só por um curto período de tempo. Logo após, alguém vem e fala algo que me lembra de seja lá o que eu tenha tentado esquecer, numa tentativa tão falha quanto dizer à minha mãe que eu não to mentindo quando digo que arrumei meu quarto. Mas eu gosto de lembrar, mesmo que eu me sinta na obrigação de levantar a cabeça e seguir em frente, como em uma estrada, quando tu esquece o que acabou de acontecer e só segue em frente, rumo ao horizonte. Só que tudo depende da tua vontade, se tu quer seguir em frente ou se tu gosta de se afogar no passado. Eu gosto de me afogar no passado, às vezes a sensação de me recordar tão bem de certas lembranças traz felicidade. Me recordar de algo que aconteceu há tempos. Meses, meio ano, talvez. Algumas coisas que aconteceram há um ou três meses. Me recordar de como eram aqueles tempos em que o que me importava de verdade era pouco, e só. Agora, o que me importa é mais e menos, não sei dizer. O que sempre me importou se foi, o que ficava em segundo plano voltou ao primeiro. E quando a noite chega, o céu estrelado me serve de companhia. É deitar na cama e encostar a cabeça no travesseiro. Procurar meu celular em meio ao cobertor e colocar os fones de ouvido. O agora é fechar os olhos, apertar o play e me concentrar na música. Com os olhos fechados, as estrelas me deixam e a única companhia de agora é a voz qualquer que soava nos ouvidos, bem baixinho. 

Quando eu faço isso, eu me concentro no passado. 

O propósito de momentos assim é relembrar algumas coisas, certos momentos que, quando eu os estava vivendo, eram insignificantes e que agora eram tão importantes quanto a minha rotina-nada-interessante. E mesmo quando fica o vazio, ainda é presença. E mesmo quando se torna ausência, ainda é muito mais do que a simples saudade ou a mais dura nostalgia.