terça-feira, 4 de maio de 2010

Eu tenho medo, igual você.

Eu tenho medo de muita coisa, ninguém tem noção de quantas coisas eu tenho medo. Tenho medo de aranhas, cobras, insetos, filmes de terror, palhaços e muitas outras coisas. Mas se tem uma coisa que eu tenho muito medo, são as lembranças. Elas me perseguem nos meus piores momentos, mas não de um jeito ruim. Apenas de um jeito irritante, talvez um pouco doloroso. Não é o agora que dói, é o antes. É o passado que persegue, esfregando na tua cara todos os teus momentos loucos e divertidos, te dizendo “Tá vendo isso que ele te disse? Tu nunca mais vai ouvir ele dizer de novo”. 

E aí bate a saudade. 

A gente tem saudade do material, do tocável, do tátil. A gente tem saudade do grande, do poderoso, do que nos toca com mais intensidade. A gente também tem saudade do intocável. Eu tenho saudade das coisas mínimas, das bem pequenas, quase insignificantes pra outras pessoas. Essas coisas mínimas e quase insignificantes pra os outros, fazem parte do tocável e do intocável. Elas são diversas, entenda. Essas coisas mínimas são algumas lembranças que eu tenho, que com algum tempo e algumas distrações, acabo esquecendo. Às vezes eu esqueço, às vezes não. Quando eu esqueço, é só por um curto período de tempo. Logo após, alguém vem e fala algo que me lembra de seja lá o que eu tenha tentado esquecer, numa tentativa tão falha quanto dizer à minha mãe que eu não to mentindo quando digo que arrumei meu quarto. Mas eu gosto de lembrar, mesmo que eu me sinta na obrigação de levantar a cabeça e seguir em frente, como em uma estrada, quando tu esquece o que acabou de acontecer e só segue em frente, rumo ao horizonte. Só que tudo depende da tua vontade, se tu quer seguir em frente ou se tu gosta de se afogar no passado. Eu gosto de me afogar no passado, às vezes a sensação de me recordar tão bem de certas lembranças traz felicidade. Me recordar de algo que aconteceu há tempos. Meses, meio ano, talvez. Algumas coisas que aconteceram há um ou três meses. Me recordar de como eram aqueles tempos em que o que me importava de verdade era pouco, e só. Agora, o que me importa é mais e menos, não sei dizer. O que sempre me importou se foi, o que ficava em segundo plano voltou ao primeiro. E quando a noite chega, o céu estrelado me serve de companhia. É deitar na cama e encostar a cabeça no travesseiro. Procurar meu celular em meio ao cobertor e colocar os fones de ouvido. O agora é fechar os olhos, apertar o play e me concentrar na música. Com os olhos fechados, as estrelas me deixam e a única companhia de agora é a voz qualquer que soava nos ouvidos, bem baixinho. 

Quando eu faço isso, eu me concentro no passado. 

O propósito de momentos assim é relembrar algumas coisas, certos momentos que, quando eu os estava vivendo, eram insignificantes e que agora eram tão importantes quanto a minha rotina-nada-interessante. E mesmo quando fica o vazio, ainda é presença. E mesmo quando se torna ausência, ainda é muito mais do que a simples saudade ou a mais dura nostalgia.

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